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Como descobri o câncer

Como descobri o câncer

Oi, meu nome é Patricia, eu tenho câncer de mama!

Chamada apelativa não é? Mas a causa é boa.

Quero compartilhar com vocês um pouco da minha experiência na descoberta do meu diagnostico e tratamento do câncer de mama.

Eu senti o nódulo no dia 13/06/2018 fazendo o autoexame. Estava no 7° mês de gestação da minha filha. No outro dia pela manhã, fui ao plantão da maternidade (porque seria atendida muito mais rápido lá do que se fosse agendar um mastologista – primeiro equívoco). E sai de lá satisfeita com o diagnóstico do ginecologista, ele acreditou que seria um fibroadenoma (espécie de tumor benigno – 2° equívoco) o que fez todo o sentido na hora. Vejam, eu não tenho caso de câncer na família, tinha recém parado de amamentar meu primeiro filho e estava gestante. O médico até falou em fazer uma cirurgia pra retirar o tumor, mas que poderia fazer isso depois de amamentar a Leticia.

E eu aceitei. Aceitei porque fazia sentido, aceitei porque não sonhava que poderia ter câncer, aceitei porque queria amamentar, porque queria voltar a trabalhar, aceitei porque não queria ter câncer.

Hoje eu sei que jamais alguém pode diagnosticar se um câncer é benigno ou maligno sem biópsia, por que ser maligno ou benigno tem haver com o tipo de célula do tumor e só se sabe de células pela biópsia, não através de toque. Hoje eu acredito (a fonte é meu próprio achismo) que, estatisticamente um ginecologista observa muito mais fibroadenoma em seu consultório que um mastologista e que, um mastologista teria pedido mais exames porque ele pouco pode dizer sem exames.

Pois bem, final de dezembro 2018 e inicio de janeiro 2019, percebi que o tal nódulo não parava de crescer, o seio tinha dias que apresentava um aspecto roxo, em algumas ocasiões a pele afundava em torno do nódulo, outras apresentava aspecto de casca de laranja.

Eu entrei em processo de negação, negação forte.

Lia no Google o que poderia ser e ignorava. Aliás, uma médica mastologista que me acompanha disse isso pra mim “a negação no caso do câncer de mama se inicia antes”.

Depois de enrolar janeiro, fui a médica em fevereiro, e ainda em processo de negação fui me consultar na médica de família através da UBS. Ela ficou assustada, mas eu estava bem tranquila, serena. Ela solicitou uma ultrassonografia e me encaminhou para atendimento com a oncologia.

E gente, olha só, a médica que fez a ultrassonografia disse que não era nada, provavelmente “leite empedrado”, disse que era para eu ficar tranquila, que pela minha idade e histórico de saúde e familiar, era da amamentação. E se você acha que ela era do SUS e por isso falou tal coisa, saiba que esse exame eu paguei, paguei porque queria que fosse o mais rápido possível. Essa fala dela, só serviu pra eu demorar mais um mês para ir me consultar com um oncologista.

Quando finalmente fui para a consulta com um oncologista, imediatamente ele já solicitou a biopsia, já para o outro dia e ainda pediu encaixe (senti que ela tinha urgência), neste momento, fiquei com a pulga atrás da orelha.

E depois de alguns problemas para marcar eu retorno ao médico, no dia 29/03/2019, eu recebo o laudo da biopsia: “CARCINOMA MAMÁRIO INVASOR, GRAU HISTOLÓGICO (CLASSIFICAÇÃO DE NOTTINGHAM) POUCO DIFERENCIADO/GRAU 3 (FORMAÇÃO TUBULAR:3; GRAU NUCLEAR 3; ÍNDICE MITÓTICO:2 TOTAL=8), EXTENSAMENTE NECRÓTICO.” Escrito assim em letras garrafais, o que ainda to tentando entender. Ainda junto com esses amontoados de palavras estranhas num papel, a médica diz: “seu resultado não foi muito positivo, você está com câncer”. Jura doutora, não foi muito positivo? (Talvez hoje eu conseguisse responder assim). Não foi uma sensação de mundo cair, porque demorei pra processar a informação. A minha primeira pergunta foi a clássica “vou morrer doutora?” e recebi um olhar do tipo ‘quem falou em morte Patricia’ e a resposta “tem tratamento”.

Já sai da médica oncologista com o protocolo de quimioterapia todo agendada. Não era o hospital em que eu queria me tratar, mas precisava iniciar o tratamento o imediatamente. Naquele hospital realizei duas quimioterapias, depois consegui transferir o tratamento para o Hospital Erasto Gaertner – por um verdadeiro milagre, pois é muito raro conseguir mudar de equipe depois que se inicia o tratamento.

Hoje meu protocolo de tratamento é: realizar todas as quimioterapias – 16 no total, e após finaliza-las, realizar a cirurgia e na sequência radioterapia. Porém, tudo pode mudar dependendo da avaliação médica, que é constante. Eu tenho reagido bem ao tratamento e tumor já diminui bastante.

Nesse caminho, não me culpo e nem a ninguém. Não me arrependo de ter iniciado o tratamento mais tarde, porque assim, amamentei minha filha até o 7° mês de vida dela.

Sou muito sortuda, nos dois Hospitais que passei, sempre fui muito bem acolhida por todos. No Hospital Erasto Gaertner a equipe é brilhante e o acolhimento realizado aos pacientes é impressionante. Ainda tenho um caminho árduo a ser percorrido, mas sigo firme. Tenho horror de ser chamada de guerreira, sei lá, não me sinto brigando com nada nem ninguém. E ser chamada de guerreira é como se precisasse lutar, eu não acho que luto contra o câncer, não dessa vez. Eu estou em tratamento, pois existe algumas células minhas que se dividiram de maneira errada. Simples assim. Não quero cura milagrosa, não quero oração para me curar, quero sim aprender com isso. Quero orações para que ele não volte e que eu saiba aproveitar essa experiência. Você pode não acreditar, mas tenho uma lista de coisas positivas sobre meu câncer. Ela é muito maior que a negativa.

Sinto e trato meu câncer, como se estivesse numa terceira gestação. Estou mais fraca (corpo e memória), tenho comido bem (sempre pensando nos nutrientes) e descanso bastante (3 coisas que pude fazer nas minhas gestações também). Logo farei minha cesária (cirurgia para retirar o tumor) e terei meu purpério (radioterapia). E depois aprendo a crescer como uma nova mulher, acreditem é todo um novo modo de viver depois de uma experiência dessas.

Espero que você que esteja lendo até aqui, reflita com o meu relato, tire um tempo para si, olhe para o interior do seu corpo, veja o que ele está tentando te dizer externamente, observe sua dores e o seu corpo diariamente. Te convido a curtir minha pagina no Facebook pois a partir de hoje deixarei mais alguns relatos da minha experiência. Bom Outubro Rosa e faça o autoexame.

Patricia Crestani
CRP 08/16126

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