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O Carnaval da Psique

O Carnaval da Psique

O uso de máscaras é percebido a muito tempo na história da humanidade, nossos ancestrais as utilizavam como recurso permissivo para expressão de personalidades não usualmente encontradas nos limites civilizatórios da pólis, ou então para exprimir características apenas diferentes da personalidade do sujeito que as usava. Logo, além do teatro como o palco para essa confissão do diferente, do distante, do reprimido ou do desconhecido – do outro em nós, emergiram festividades ritualísticas que reverenciavam está exposição.

Originalmente, as máscaras de carnaval objetivavam uma expulsão simbólica do mal interior. Por meio da exibição do lado sombrio dentro dos limites do ritual, acreditava-se que o “demônio interno” ao ser reconhecido, legitimado e permitido uma vez por ano, se aquietasse com a catarse provocada pela vibração do batuque dos tambores, o som estridente dos instrumentos de sopro e os cantos que desnudavam a melodia de todo o pudor, de modo a festejar e compartilhar da promiscuidade desses seres profanos.

Observa-se então que tanto as mascaras quanto as fantasias libertam a folia de nosso ser, sem pudores, podemos nos relacionar com nossos lados que mais temos vergonha de expressar no cotidiano. Hoje em dia, talvez estes elementos não sejam mais tão necessários para anunciar a vibração libertadora dos nossos aspectos sombrios, o carnaval por si só já representa uma época do ano onde se é permitido sermos nós mesmos em nossa essência, simplesmente humanos.

A extroversão e a intensidade dos bloquinhos de rua nos permite a dissolução em figuras internas, como dançarinos, piadistas, bobos da corte, monstros, feiticeiras, vampiros, sereias, bruxas, crianças, idosos, homens e mulheres sedutores que talvez nem conhecêssemos dentro de nós. A viagem ao inferno demonstra-se renovadora, este tour turístico pode nos proporcionar o reconhecimento de nossos aspetos sombrios, que podem não necessariamente serem negativos.

Ainda, está libertação pode ser vivida retirando-se da pólis de maneira mais intimista e introspectiva, seja viajando para outros lugares, cultivando relações não rotineiras ou reverenciando a arte do descanso, do apenas “fazer nada”. Seja da forma que for, em nossa cultura parece ser o carnaval o retiro ritualístico necessário para o sentimento de inicio de um novo ano, de uma limpeza interna para adentrar a mais um novo ciclo de vida. Bom carnaval a todos, que possamos nos entregar a libertação necessária para viver 2020!

Autora: Janaína Liz Aquino – CRP 08/25878

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